A história de Lavras do Sul está muito ligada à existência das ricas jazidas de ouro, sendo assim o único município do Estado surgido e formado em torno deste mineral. Há uma identificação de mais de 250 anos com a mineração, o que fez com que Lavras recebesse o cognome de “Terra do Ouro”.
Antiga aldeia dos índios Guenoas, o território lavrense fez parte das missões jesuíticas, começando a ser colonizado a partir do final do Século XVIII. Segundo o livro “Município, teu nome é sucesso”, de Giovani Cherini, publicado pela Assembleia Legislativa em 2001, as terras de Lavras do Sul são originadas de Bagé e Caçapava do Sul, que, por sua vez, pertenciam a Rio Grande e Rio Pardo em outrora. Estima-se na data de 1825 o início do povoamento da região, embora portugueses, espanhóis e índios já exploravam a mineração antes disso, por volta de 1796 (ano em que ocorreu a primeira descoberta de ouro na região), acreditando-se terem vindo para o sul juntamente com os bandeirantes paulistas.
As Missões Jesuíticas, estabelecidas no atual território do Noroeste do Rio Grande do Sul nos séculos XVII e XVIII também foram determinantes para a formação do território lavrense, pelo fato de a região onde atualmente é o Segundo Distrito (Ibaré) ter sido, segundo historiadores, passagem para a conquista de territórios e construção das missões. O livro de José Roberto de Oliveira (”Pedido De Perdão Ao Triunfo Da Humanidade”), escritor nascido em Santo Ângelo, aborda esta questão e garante que Lavras do Sul foi fundamental para a criação dos Sete Povos das Missões.
A ocupação humana de Lavras do Sul iniciou-se através da mineração, da distribuição de terras (sesmarias), no século XVIII, e da colonização de diversas etnias, a partir do início do século XX, especialmente portugueses, espanhóis, latinos e negros.
A exploração do ouro (lavra) deu origem ao nome do Município, que já teve a denominação “Santo Antônio das Lavras”. A atual Igreja Matriz está construída no mesmo local da capela originária.
Lavras do Sul foi emancipada em 9 de maio de 1882, uma terça-feira, e passou a ser uma cidade em 1938.
O solo do Município era muito semelhante aos das terras de Mato Grosso e Minas Gerais, atraindo diversos garimpeiros e aventureiros de várias partes do mundo para as terras lavrenses do sul e as águas do Arroio Camaquã das Lavras.
O nome oficial Lavras do Sul foi definido em 29 de dezembro de 1944. O curioso é que o nome da cidade quase se tornou Araíuba (“lugar do ouro”), por conta de um decreto do Governo na época, que disciplinava os nomes das cidades de acordo com suas origens e descendências, ideia que acabou sendo engavetada.
A primeira grande companhia de extração de ouro surgiu no Município em 1875, a Gold Mining Company, de capital inglês, responsável por um grande crescimento e progresso. Funcionou por mais de uma década, tendo os minerais extraídos no solo lavrense cotados como capital na Bolsa de Valores de Londres.
Uma figura histórica do nosso município foi o sr. Francisco Pereira de Macedo, que era proprietário da Estância do Serro Formoso, que foi construída em 1870 para receber o Imperador Dom Pedro II e sua comitiva que, no início da Guerra do Paraguai, se dirigia para Uruguaiana. Após um grande cerimonial e a esta visita, anos depois, em 1872, Dom Pedro II concedeu ao sr. Francisco Pereira de Macedo o título de Barão de Serro Formoso e, em 1884, o título de Visconde do Serro Formoso. O Visconde foi um dos primeiros fazendeiros a libertar seus escravos, e quatro anos antes da Lei Áurea, em 1888, já não havia mais escravos em território lavrense.
As ruínas do Prédio da Gold Mining Company estão situadas na Rua João Moreira e tratam-se da primeira edificação relacionada à extração do ouro em Lavras do Sul. Ao que consta, sua data de construção é 1875. Apresenta elementos em ferro, zinco e amianto e tem estruturas supostamente trazidas de fora do continente americano. É um dos prédios de maior importância histórica do Município e nele já funcionou um colégio, um cinema, um pronto-socorro e um engenho de trigo e arroz, além de ter sido sede do primeiro CTG de Lavras do Sul, o CTG Ronda do Pampa, fundado em maio de 1957. Nas paredes, resistiram ao tempo pinturas feitas por Ricardo Camaquã junto a versos de Valdo Teixeira e Edilberto Teixeira (cujos versos eram assinados com o pseudônimo de Vinicius Valério). Parte do local é ocupada atualmente pela oficina mecânica do sr. Eloi Leivas; a parte restante em ruínas pertence a diversos cotistas e proprietários.
Um dos elementos da evolução populacional de Lavras do Sul foi a presença do antigo 13°RCI (Regimento de Cavalaria Independente), aquartelado em 1926 no Município sob forte influência de muitos cidadãos e políticos. Eram 19 prédios com uma vasta estrutura (este local situava-se no terreno do atual Hospital [Fundação Hospitalar Dr. Honor Teixeira da Costa]). A presença do 13 (apelido ao qual era chamado) trouxe, por 11 anos, muito progresso e desenvolvimento para Lavras do Sul, movimentando o comércio, hotéis e construção civil, além de a população ultrapassar a marca dos 10.000 habitantes. Porém, em 1937, o quartel se mudou para Jaguarão, uma amarga notícia para os lavrenses (calcula-se que pelo menos 2.000 pessoas ligadas ao 13 se mudaram do município).
O Grupo Escolar Pedro Américo (onde antes se situava o primeiro cemitério de Lavras do Sul até as primeiras décadas do século XX) foi construído em 1940 e inaugurado em 1941, na gestão do Dr. Bulcão, prefeito da época). Sua planta baixa é semelhante a de muitas instituições do Estado, dando a impressão de que foi cedida pelo mesmo. Oficialmente, em 1956, passou a se chamar Ginásio Estadual Licínio Cardoso e, nos anos 90, transformou-se na Escola Estadual Licínio Cardoso, que hoje atende cerca de 300 alunos.
Datas-chave de Lavras do Sul
* 1825 (data provável): início oficial da formação e colonização do município.
* 13/11/1847: elevação de Lavras à categoria de freguesia.
* 09/05/1882: Lavras é elevada à categoria de vila e município.
* 21/03/1939: a sede do município foi elevada à cidade