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ARTIGO ESPECIAL: A Serra do Sudeste

Cerros da Mantiqueira, interior de Lavras do Sul, relevo típico da Serra do Sudeste – Autor desconhecido

A Serra do Sudeste é uma região ímpar no Brasil. Este curioso planalto, bastante erodido (com bastante trabalho geológico) e de altitudes modestas (raramente acima dos 500 metros) é uma das partes integrantes do Bioma Pampa.

Os principais municípios que abrigam as terras da Serra do Sudeste são: Caçapava do Sul, Lavras do Sul, Bagé, Santana da Boa Vista, Pinheiro Machado, Piratini, Canguçu e Encruzilhada do Sul. Sua extensão é de aproximadamente 40 mil km² e o Rio Camaquã é o principal curso d’água. O clima é ameno (verão ameno e inverno rigoroso, até com ocorrência de neve em alguns casos).

Em forma de extensão triangular (pontas em Lavras do Sul, Pelotas e São Jerônimo), apresenta cerros, alguns mais elevados, rochosos, muitos deles cortados e esculpidos pelos cursos d’água e arroios (pequenos rios) da região. As rodovias que cortam a região (BR-392, BR-158, BR-290 e BR-293) passam por belas paisagens típicas do Bioma Pampa, com extensos campos, gramíneas e capões de mato.

Alguns municípios distantes dos citados também tem terras na Serra do Sudeste – o ponto mais elevado é o Cerro Quitéria, em São Jerônimo, já próximo à Porto Alegre, com 601 metros acima do nível do mar.

É um região esquecida economicamente, mas com grande riqueza cultural e mineral (diversos tipos de rochas e recursos minerais estão nos solos da região). A pecuária (especialmente a ovinocultura) e agricultura familiar são as atividades econômicas mais importantes da região. Nos últimos anos, o cultivo de oliveiras ganha cada vez mais destaque.

Também é possível aproveitar turisticamente a região, que apresenta amplos potenciais para ecoturismo e turismo rural.

ARTIGO ESPECIAL: Características da Ovinocultura no Pampa Gaúcho

Ovinos em fazenda do interior do Município de Lavras do Sul (2009) – Imagem meramente ilustrativa

A ovinocultura no Pampa Gaúcho possui grande relevância histórica, econômica e social, estando intrinsecamente ligada à formação da identidade da região. A atividade, que remonta ao século XVII com a introdução dos primeiros rebanhos pelos padres jesuítas, consolidou-se como uma importante fonte de renda para muitas famílias, especialmente os pecuaristas familiares.

Características da Ovinocultura no Pampa:

  • Extensivismo: A criação de ovinos no Pampa Gaúcho é predominantemente extensiva, baseada no aproveitamento das pastagens nativas do bioma. Essa característica confere aos produtos ovinos um diferencial de sustentabilidade, com animais criados de forma natural e em harmonia com o ambiente.
  • Raças: Diversas raças ovinas são criadas no Pampa, com destaque para aquelas que se adaptam bem às condições climáticas e de campo da região. Entre elas, podemos citar a Crioula, a Corriedale e a Merino. Recentemente, a raça Dohne Merino tem ganhado espaço pela sua boa adaptação e dupla aptidão (lã e carne).
  • Importância Econômica e Social: A ovinocultura contribui significativamente para a economia do Pampa, gerando empregos e renda, especialmente nas pequenas e médias propriedades rurais. Além disso, mantém viva tradições culturais ligadas ao manejo dos rebanhos e ao artesanato da lã.
  • Produtos: A ovinocultura no Pampa Gaúcho oferece uma variedade de produtos, incluindo carne de cordeiro, lã e pele. A carne de cordeiro da região é reconhecida pela sua qualidade e sabor peculiar, resultado da alimentação natural dos animais. A lã também possui valor, sendo utilizada tanto na indústria têxtil quanto no artesanato local.

Desafios e Oportunidades:

Apesar da sua importância, a ovinocultura no Pampa Gaúcho enfrenta desafios como a necessidade de modernização das técnicas de manejo, a busca por mercados mais valorizados e a competição com outras atividades agropecuárias, como a expansão da soja.

No entanto, existem diversas oportunidades para o desenvolvimento da ovinocultura na região:

  • Valorização dos produtos locais: Há um crescente interesse por produtos com identidade regional e produzidos de forma sustentável, o que pode agregar valor à carne e à lã do Pampa.
  • Mercado da carne ovina: A demanda por carne ovina está em ascensão no Brasil, e o Pampa Gaúcho tem potencial para se consolidar como um importante polo produtor.
  • Turismo rural: A integração da ovinocultura com o turismo rural pode gerar novas fontes de renda para os produtores, valorizando a paisagem e a cultura local.
  • Aproveitamento da lã: Existe um potencial para explorar novos nichos de mercado para a lã do Pampa, tanto na indústria quanto no artesanato, inclusive com a possibilidade de exportação.

Iniciativas de Fomento

O governo do Rio Grande do Sul e diversas entidades têm implementado programas e ações para fortalecer a ovinocultura no estado, incluindo o Pampa Gaúcho.

Essas iniciativas visam melhorar a sanidade dos rebanhos, qualificar a produção, facilitar o acesso ao mercado e promover a agregação de valor aos produtos ovinos.

Em suma, a ovinocultura no Pampa Gaúcho é uma atividade com profundas raízes históricas e um grande potencial para o futuro, desde que sejam superados os desafios existentes e aproveitadas as oportunidades de mercado e valorização dos seus produtos.